dezembro 15, 2015

Sinal Verde: Pare!



"Quando se chega você recebe proteção intensificada. Igual gato: ganhamos 7 vidas para usar no trânsito local."


Sinal vermelho: pare; sinal amarelo: atenção; sinal verde: ande.

Aqui não! Seja qual for a cor: pare e tenha atenção! Se você não seguir o conselho pode ser atropelado ou se envolver em algum tipo de acidente. Não diria que o trânsito é caótico, mas sim bem peculiar.

Diferente de alguns países asiáticos, aqui a buzina não é frequentemente usada, mas a tranquilidade sonora não reflete um tráfego civilizado. Tenho a ligeira impressão que as leis de trânsito estão mais para sugestão do que leis propriamente ditas. Os motoristas fazem o que querem, ou seja:

Não quer esperar o sinal verde? Não tem problema, passe assim mesmo.

A fila está muito grande para acessar uma via? Que tal cortar todos e entrar lá na frente?
Esta com pressa? Acelera, o quanto quiser, sempre terá uma lamborghini mais rápida que você.

Algumas coisas que julgaríamos como atrocidades em nosso país, por aqui são normais. O mais interessante é que como todo mundo não respeita as "tais leis", parece que novas regras nasceram e o trânsito flui com uma "certa" harmonia, pois ninguém briga, ninguém buzina e ninguém se sente ofendido.

Ou você entra no jogo ou será o único estressado no local. Confesso que amei essa anarquia equilibrada. O que seria tensão, virou diversão!

E a brincadeira começa  ao entrar no carro para guiar: mão inglesa. Ops! Ainda bem que é automático. Imagine trocar marcha com a mão esquerda? Quando tem carro na rua, tranquilo, você sabe a direção correta, mas quando não tem... peguei várias contramãos e só me dei conta quando vi a placa ou o grito no banco do passageiro.

_ Você está na faixa de moto! Agora vai rápido!

Além de tudo, você tem as faixas para motos. São iguais as nossas. Algumas vezes são pistas separadas com canteiros, apenas para elas.

_ Não tinha ninguém e nem placa, o Waze mandou virar e entrei de gaiata. Chorando de tanto rir, tive que bater em uns cones para sair na interligação com a pista de auto.

Você já ouviu a frase: quem dirige em São Paulo, dirige em qualquer lugar do mundo... até chegar em Kuala Lumpur. Se falavam isso de Sampa pelas inúmeras vias, aqui a brincadeira vira profissional. Se até o Waze se perde, imagine eu! SP tem cebolão e KL tem um hortifrúti inteiro.

Você tem que desbravar os mil caminhos que o Waze te mostra ao mesmo tempo. Nunca sabe se está indicando por cima ou por baixo de um viaduto. Acredite, todos os bairros, mesmo os mais afastados têm incontáveis vias, uma sobre a outra. Isso sem falar das saídas. Em menos de 300 metros são 5 diferentes bifurcações e é lógico que irá se perder.

Pista exclusiva de moto. Essa era fácil de saber,
mas nem todas são assim.

Embaixo uma avenida.
Em cima uma via expressa com 6 faixas para cada sentido.

Além das ruas normais existem as vias expressas ao redor da cidade e centenas de viadutos. Facilita o fluxo, mas “embanana” o cérebro. As vias têm 5 ou 6 faixas e tem saídas para todos os lados. Você entra em uma, ela vira duas, depois três, vira um perfeito labirinto. Caso venha a perder uma o preço a pagar muitas vezes é bem alto: 30 a 40 minutos de atraso para chegar ao ponto de destino.

Achou parecido com nossa grande capital paulista? Acredite, ainda não entendemos como funciona o trânsito e roteiros locais. Cada vez que saímos de casa o Waze aponta para um caminho diferente para chegar ao mesmo lugar. Guiar sem GPS, esquece! Até os taxistas usam.

Outra aventura é ser pedestre, já que os carros não param. O maior sempre tem preferência! Mesmo com o sinal fechado, tem que ficar esperto pois encontrará um carro avançando. E as ruas que não têm sinal. Quando vai passar, olhe e corra! Os motoristas não desaceleram. Muitas vezes tem que dar uma de policial e fazer "pare" com a mão para conseguir atravessar longas vias. O coração quase sai pela boca. Acredito que aqui temos mais proteção.

Bêbado e criança têm anjo da guarda de prontidão. Quando se chega ao mundo você recebe proteção intensificada. Igual gato: ganhamos 7 vidas para as usar no trânsito local.

Chega a ser engraçado as inúmeras histórias, parece carrinho de bate-bate. Quando vejo batida são sempre vários carros, nunca dois. Também é comum você encontrar os indecisos, sai ou não sai e fica com o carro em “zig zag”. Algumas vezes não se decidem e entram no canteiro central, levando os cones e parando com as rodas no ar.

E para garantir a diversão, o visual dos autos são incríveis! Eles amam customizar o próprio modelo, seja colando adesivo -- pelo carro todo --  com uma pintura inusitada ou dividindo o carro em seções -- teto fosco, portas com adesivo e capô colorido. Sem contar as rodas e acessórios. Adoro encontrar os criativos pelo caminho. Ainda tem os que decoram dentro, revestindo bancos e criando um arsenal de enfeites cobrindo o painel.

Mas por incrível que pareça, dirigir aqui faz bem ao coração. Além do anjo da guarda, que é sempre seu carona, com tanta peculiaridade você distrai a mente com boas risadas.

E se quase perdeu a saída, não se estresse, atravesse as cinco faixas e se jogue na frente de outro, pois acredite! Ninguém ficará bravo! 

Sinal Azul? Serve para quê?

Passarela de moto. E é coberta. Vai entender...

Não coube ou não sabe fazer baliza? Tranquilo!
Normal parar assim. Não pega nada e nem dá multa.

Esse resolveu cromar o carro todo. Processo proibido no
mundo por ser prejudicial ao meio ambiente.

Esse outro customizou bem.

Mas nada ganha desse! Olha o que fez com a "lamborghini".
Vontade de chorar!

Um comentário:

  1. Trânsito na Ásia é uma doideira, especialmente para o pedestre! Agora é essa Lamborghini a lá pixel?!?

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