"É o literal comer com os olhos... comprei pepino achando que era abobrinha."
Bairro residencial, com centro comercial lotado de bares e restaurantes. Assim é Bangsar, o local cool de KL. E foi na peculiaridade desse reduto que encontrei a tão aclamada feira.
Primeira diferença é o horário. Não começa de manhã cedo e sim de tarde. Após as 15h todo domingo. Enfrentar o calor acumulado o dia todo -- mesmo nos nublados -- é para poucos. Asfalto e barracas cobertas com toldos de plástico são perfeitas estufas. Mas a vontade de encontrar produtos frescos fala mais alto. Segunda diferença: nada tem preço ou placa com o nome. Se no supermercado já era difícil de entender imagine aqui. Até as amigas experientes em identificar as verduras tiveram problemas. Velha tática: compre o bonito e o conhecido.
Comprei pepino achando que era abobrinha. Nem sempre o conhecido é realmente conhecido. Por fora era uma perfeita abobrinha, mas tinha gosto de pepino e era pepino. Nunca vi tantos tipos de pepinos em um só lugar. Grande, pequeno, japonês, fino, espinhudo, enrugado, amarelo, verde, rajado... Na culinária local, tudo vai pepino.
E nada de achar a abobrinha....
Muitos tipos de pepinos. |
Igual as nossas do Brasil. |
Garapa e água de coco. |
Para quem não entendeu a combinação do paladar local, vamos à explicação.
Esses são alguns dos chamados "deligths" asiático ou como gostam de dizer, "heritage" (herança da culinária).
Durian é uma fruta da região da Malásia, Brunei e Indonésia. Semelhante à jaca com odor mil vezes pior. Existe até lei local que proíbe comer ou transportar a fedorenta em locais públicos. Mas a população ama e lambe os dedos. Ficaram curiosos para saber o cheiro?
Outro dia em casa (juro que não é lenda urbana) senti um cheiro de chulé muito forte. Procurei tênis ou meia que estaria nessa condição. Nada! Também verifiquei os lixos, tamanho era o aroma de putrefação. Nada! Sai na porta e descobri que era o querido vizinho, apreciador da durian.
Kaya é um tipo de doce de coco que comem com manteiga no pão. Muitos pratos levam coco, lembra o nordeste brasileiro.
Frango, peixe e frutos do mar são "os beefs" do asiático, já que carne bovina é apenas importada, muito cara e a suína não é permitida pela religião.
Pimenta é usada em absolutamente tudo. Se você esquece de pedir sem, ficará com a boca adormecida.
E por fim o curry, já que tem muito indiano. Tem curry por todo lado. Por que não em um pastel?
Também tem as famosas barracas vende tudo, calcinha, sutiã e algumas "quinquilharias"; as especializadas em frutas, verduras e legumes e as de fruto do mar. Tinha uma interessantíssima: de cabeça de peixe. Tinha mais cabeça que carne. Prato bem típico no Oriente.
Mas o que mais estranhei foi comprar nas escuras. Você pega uma cesta, coloca tudo dentro e entrega. O comerciante pesa e fala o preço total da compra. Se você quer saber se o quiabo ou o brócolis estão com um preço bom... Hummm, terá que arriscar uma conversa com o vendedor que está sempre correndo e fazendo as contas... Se conseguir que um dê atenção, reze para entender ou se fazer entender. Melhor comprar de olhos fechados mesmo. A mercadoria é boa e fresquinha. No fim sai mais barato e saudável que no supermercado.
_ Olha o abacate; Durian Duarian; banana fresquinha; a couve abaixou!
Isso você não escuta na feira de domingo, nem as famosas frases: "mulher bonita não paga, mas também não leva", "banana a preço de banana" . Um sossego para os ouvidos, mas fica com água na boca. Provar, por aqui não acontece. Aquela linda fruta que parece doce, você só saberá ao chegar em casa. É o literal “comer com os olhos e ficar com água na boca”.
Contabilidade da feira: um carrinho cheio + uma sacola lotada! Hora de ir embora esquentar a barriga no fogão e mostrar os dotes culinários!
Tudo fresquinho. |
Se precisar de um véu... pode comprar na feira. |
Mais pepino, sempre pepino. |
Abacaxi thai. Pequeno, caro e delicioso. |
Malacia fazendo compra. |
Joga tudo na cesta e paga. |
Que legal Carol! ao menos um lugar para encontrar comidas fresquinhas :-)
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