janeiro 20, 2016

A Praia



"Qualquer vestimenta pode virar aquática."


Minha maior loucura pela Ásia, sempre foi a praia. Rata de areia, sol e mar, não via a hora de colocar o biquíni e estender a canga para desfrutar de um lindo dia de verão. Mal sabia que por aqui, o desfrutar é um pouquinho diferente...
Começando pelas roupas.

Qualquer vestimenta pode virar aquática. 40 graus, água salgada e nada impede de você dar um mergulho de camisa e calça. Você não está entendendo nada né? Parece bizarro o que estou falando, mas em breve entrará comigo na loucura do diferente.

Os “modelitos” são os mais variados. Tudo depende da sua raça e religião. Sei que é difícil de entendermos isso, pois no Brasil também temos muitas raças e religiões. Mas aí todos vivem juntos e misturados. Aqui vivem todos separados, e bem separados. Esse foi o primeiro paradigma que tive que quebrar. Praia não é sinônimo de união não. Cada um vem com seu grupinho e fica fechado no clã.

Os chineses não curtem muito, por causa do sol. Preferem as sombras das piscinas. As mulheres usam biquínis parecidos com os nossos e os homens bermudas de lycra. Também gostam muito de roupas de neoprene ou blusas de manga de lycra. As mesmas que usamos para “surf” ou esportes aquáticos. Eles usam para nadar ou curtir a piscina sem se queimarem. Para as chinesas e coreanas o bonito é ser bem branquinha.

Os muçulmanos também não perdem a oportunidade de se refrescar no mar. Existe uma vestimenta própria: "burca aquática". Assim apelidei quando vi o conjunto de blusa de manga com babado na cintura, calça e toca (tipo capuz balaclava que usamos nas motos). Lojas de artigos esportivos, como a Speedo vendem as peças. Mas o mais comum é você encontrar as mulheres de roupa e tudo. Não sei como o véu não solta quando mergulham. Presenciei a cena. Impressionante! Não soltou! Depois da onda, vão ao sol, sentadas na areia do mesmo jeito. Mal aguento de calor “meio pelada”. Como elas conseguem?

Já os homens muçulmanos podem tirar a camisa, mas ficam com a bermuda ou a calça que estavam. Não pense que é de algum material próprio. Não! É a que estavam usando no dia e pronto.

Os indianos são mais desencanados que nós. Vi eles fazendo de tudo. Entram de roupa social. Juro que vi com os meus olhos. Camisa social e calça social. Só tirou o sapato e o cinto. Alguns tiram a roupa na areia e ficam de cueca. Entram assim mesmo. Fico com vergonha alheia. Mas eles não estão nem aí. Outros que entraram de roupa mudam de ideia no meio do caminho e tiram dentro do mar. As mulheres são mais recatadas, entram com leggin e batas cobrindo o quadril. O tecido parece levinho, então não causa tanto espanto. Ou eu que já estou me acostumando.


Tendencia nautica na fashionista.

O importante é não se queimar.

Burca aquática na vida real.

E no meio dessa selva toda, aparece a brasileira de biquíni. Do mesmo jeito que os achamos estranhos, eles também nos acham. Um casal muçulmano estava “rachando” de rir olhando para mim e o marido enquanto andávamos a beira mar.

_ Acho que estão falando de nós! Do meu biquíni ou da sua sunga.

Enquanto só falam tudo bem. Pior é quando começa o assédio. Esses homens passaram uma vida sem ver uma mulher nua. Imagina o que acontece quando avistam uma “gringa” seminua.

_ Posso tirar uma foto com você?

A primeira vez que ouvi essa frase, estranhei. Tirar uma foto? Não era apenas tirar uma foto minha, mas sim comigo! Tá de brincadeira né? Virei atração de circo agora? Sim virei! Só que não era de circo, era de praia.

Veio o segundo, o terceiro, o quarto... Eu e uma amiga já estávamos cobertas com a canga e mesmo assim a menina islâmica tentava tirar foto de longe. Poxa até as mulheres? Pior, parece que não ouviam o NÃO. Detalhe, o povo daqui não entende a palavra não. Você fala e eles simplesmente ignoram. Pedem de novo ou saem fazendo na cara dura. Nem para disfarçar. Os maridos começaram a ficar bravos com as lentes apontadas para nós. E antes do tempo fechar resolvemos ir embora.

Hoje já estou acostumada. Prefiro as praias de maior concentração de “gringos” possível, mas quando não tem, como em algumas ilhas lindas e ainda selvagens da Malásia; vamos sabendo o que enfrentaremos.

A resposta é sempre a clássica:

_ Claro que não! Quer pedir para meu marido?

Assim eles percebem que tem homem por perto e se afastam.

Não por muito tempo, pois devem adorar o cheiro do perigo. Se eles soubessem...

Quando esquecem que estamos ali, voltam às atividades normais de jogar areia um no outro, enterrar o amigo, afogar, coisas tipo brincadeiras de criança. Mas são adultos fazendo. É engraçado e divertido de ver. Acabo rindo com a ingenuidade e simplicidade da brincadeira, enquanto passo mais protetor e viro a cadeira para queimar melhor.


Namoro de praia?

Brincadeira de criança por aqui é normal.

Tudo vale para se divertir.

Modelo a venda na loja.

Fiquei com vontade de provar um.

Um comentário:

  1. Que bom viver tudo isso aí! Aqui também é muito bom ler o que você escreve, contado do seu jeitinho e documentado com fotos! Bjs.

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