novembro 23, 2015

Bali - Equilíbrio Sempre




"O essencial estava presente: o nada que preenche o todo!"


Alguém já ouviu falar em vacuidade? É um conceito na filosofia budista que explica o vazio na existência por si mesmo, ou seja, tudo é interdependente. Não tenho pretensão em falar do assunto, mas lembrei da vacuidade quando cheguei ao extremo da minha força física.

Tudo começou com o desejo de conhecer o "Vulcano".

Acordei de madrugada e peguei um longo trajeto de estrada. Uma estrada sinuosa que me fez passar mal. Pronto, já começava bem. Com sono e agora mal do estômago e teria que andar muito.

Tempo de caminhada: 3 horas morro a cima para ver o sol nascer da cratera do vulcão.

Caminhada? Sacanagem! Quase escalada na escuridão com pedras vulcânicas soltas no chão. O vulcão ainda é ativo, o que animava ainda mais nosso trajeto, imaginando que embaixo dos nossos pés, bem perto, tinha uma atividade fervilhante.

Fervilhando estava meu batimento cardíaco. A cada passo acelerava e a respiração ficava mais difícil.

_  Não fala! Concentra-se na respiração. Alguém passava orientação de como fazer um bom "treking".

O personagem da vez: Adhy. Adolescente balinês, de família tradicional de guias turísticos. Ainda em período escolar, divide o tempo entre escola e subidas ao vulcão. Sorriso aberto e vigor de quem começa a vida. Ainda escuto as gargalhadas dele enquanto eu bufava. Paciente e generoso. Praticamente arrastou as mulheres do nosso grupo ao topo com tanto incentivo.

Éramos cinco com Adhy. Ainda estava noite. Céu escuro e pouco se enxergava mesmo com as lanternas que deveriam focar na trilha. De longe avistava quem estava subindo a montanha, cheio de pontinhos de luz. Linda vista e desesperadora quando percebi que já estava cansada e ainda tinha muito chão. Focar aquela lanterna no chão e ver o balançar da luz só aumentava meu enjoo e ficar na escuridão, era tropeço na certa.

_ Devemos acelerar se não querem perder o nascer do sol. Adhy dava as coordenadas.

Vulcão Mount Batur. A última erupção foi em 2000.


Começo da trilha.

Fumaças por toda parte. 

Depois de quilômetros, começa a subida. Sobe, sobe, sobe... Chegou? Não! Não estávamos nem na metade e a cada passo faltava mais ar. Quanto mais olhava para cima e via que as luzes das lanternas a nossa frente eram pequenas, ficava mais pessimista. Não vou conseguir. Já estou muito cansada.

Nesse momento começou um desafio pessoal de "eu posso". Não levantei da cama, vim até aqui passar frio para não chegar. Parecia impossível. Pararia a qualquer minuto.

Nem perguntava mais se faltava muito e qual era o ritmo. Apenas tentava controlar minha mente para não desistir. Ouvia ao longe:

_ Mantenha o ritmo. Não para. Respira!

Foi aí que descobri que a vida estava me levando ao máximo, ao extremo da minha capacidade física. Quando o corpo quase desliga, somente a mente controla.

Os minutos finais foram cruciais, quanto mais subíamos, mais frio ficava, mais difícil era respirar e o cansaço aumentava, assim como a inclinação. Alguns momentos, só um puxando o outro.

O dia estava chegando e com ele e algumas lágrimas nos olhos dos últimos passos. Chegamos ao topo junto com o Sol. Felicidade indescritível! Felicidade de superação e felicidade em apreciar o mundo por cima das nuvens.

Comungamos o momento com um simples café da manhã entre amigos. Café típico das montanhas? Talvez não, era o que os guias conseguiam comprar para levar: chá, ovo cozido e pão com banana. Tudo feito com uma fogueira do calor do nosso amigo vulcão.

Compartilhando o amor, apreciando a harmonia da natureza. Do solo brotava fumaça, pulsação do vulcão falando que ainda vivia. Sentia a vida nos meus pés. O essencial estava presente: o nada que preenche o todo!

Nada existe por si só. Até a natureza trabalha em conjunto.

Cada paisagem, uma pintura.

Café da manhã das montanhas.

Cratera do Sr. Mount Batur.

Olha onde nosso amigo vive.

Parece foto de avião, mas dessa vez estávamos do lado de fora.

Ajudinha na descida. 

Abraço amigo.

O tempo poderia parar...


















2 comentários:

  1. Belíssima postagem! E agradeço por compartilhar a nobre aventura. E que aventura! Abraço a todos Antonio Carlos.

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    1. Obrigada! Contarei mais. Espero que visite a página mais vezes e possa acompanhar outras aventuras. =)

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