outubro 21, 2015

Nepal - Se essa rua fosse minha...



"Direto do NepalCaos para o mundo ocidental."


Choque de realidade! Isso define meu primeiro dia em Kathmandu. O trânsito é caótico. Só existe uma lei: coloque a mão na buzina e acelere, quem passar primeiro chega mais rápido e os pedestres humanos e animais vão saindo da rua na maior tranquilidade. Os motoristas fazem isso e estão com aquela cara de paz interna. Parece que estão loucos, bravos, mas não, é apenas assim! Toda hora vejo e penso: agora bateu! Agora atropelou e nada! Tudo em paz! E foi uma aventura ser pedestre. Eu era a única desesperada para sair da rua. Detalhe: não tem calçada. Fica difícil de saber por onde andar. No mesmo espaço chamado "rua" você encontra, carros, motos, ônibus, caminhão, animais, pedestres, vendedores ambulantes e pedintes. Como cabe tudo? Também não sei, mas estranhamente tudo convive em harmonia.

Caso tenha que chegar a algum lugar em Kathmandu, não será pelo endereço. Não sei como acham, para chegar aqui onde estou, dou o nome de uma árvore sagrada "Tintchuli" e o bairro. Para saber a rua certa, tive que decorar o caminho. Se ficar em um hotel é mais fácil, mas saindo da rota turística, como eu, apenas com ajuda dos locais e mesmo assim será uma boa aventura.

Andei pela cidade colecionando algumas curiosidades nas ruas. Pude perceber que muita coisa acontece do lado de fora da casa. Atividades que consideramos internas como o ato cotidiano de lavar os cabelos. Acredito que muitos não têm chuveiros elétricos e quando o tempo esquenta, aproveitam a oportunidade em um lugar ao sol.

Aproveitando o sol você também observa todo tipo de animal: cabras, gatos, galinhas, cachorros. Muitos cachorros e por falar neles, dormem no meio da rua. São boêmios, passam a noite latindo e o dia "capotados" no meio de onde todos andam. Por vezes tem de desviar para não pisar em um dorminhoco. Os "dogs", todos bem peludos por causa do frio, são tão amáveis. Conheci um casal de turistas que adotou um e tiveram que mudar a data do voo, pois precisaram preparar a papelada do novo membro da família antes da viagem de retorno.

Trânsito diário.

Tinchuli, nome da árvore para se localizar. 

Lavando o cabelo em dia de sol. 

Sono pesado no meio da praça movimentada. 

Placa de rua. Quando tem. 

Os bebês também são lindos, olhos grandes e curiosos. Como o pavimento das ruas não é o melhor para usar carrinhos, as mães levam os filhos nas costas. Achei curioso que não na frente como estamos acostumados. Usam lenços para amarrar, parecendo bem confortável e deixa as mãos livres para levar tantas outras coisas.

Vim para o Nepal em busca de paz e a minha primeira pergunta foi: como vou conseguir com todo esse caos? Como um passe de mágica andando por aquelas ruas diariamente, minha ficha caiu: o caos da cidade vem tanto aos meus olhos, pois internamente estou um completo caos. Enquanto isso todas aquelas pessoas vivendo naquelas condições pareciam mais equilibradas. Por que buscamos fora o que está dentro?

Porque dentro temos que lidar com o que chamam de autoconhecimento. É olhar no espelho interno todos os dias. Gosto muito de uma frase que li, dizia mais ou menos assim: o importante não é o fato acontecido e sim como o encaramos. À primeira vista encarei Kathmandu como caos, pois era tudo que conseguia ver, mas aos poucos a poeira da rua foi baixando e consegui enxergar a beleza na simplicidade dos sorrisos e paz que estavam a minha volta.

Lição: Kathmandu é uma cidade caótica que vive em paz. Ela consegue se organizar nessa bagunça e isso é reflexo dos habitantes, que por mais que enfrentam muita pobreza carregam tranquilidade - aquela que por vezes perguntamos onde encontrar.

Delicia de colo.

Típica vestimenta tibetana. 

Hora de lavar o peludo.

Aproveitando para lavar louça. 

Barraca organizada. 

Feira na rua.

Todos os animais aproveitam um canto ao sol. 



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